quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Mulher tem filhos gêmeos e apenas um nasce com microcefalia em Pernambuco

Mãe apresentou manchas vermelhas na gestação, mas não sabe se foi zika. Bebês estão com aproximadamente um mês de vida.

Cassiana com os filhos, Edson e Melissa, que tem um mês de vida; apenas a menina tem microcefalia (Foto: Reprodução / TV Globo)

A dona de casa Cassiana da Silva deu à luz um casal de gêmeos há pouco mais de um mês, mas apenas um dos bebês foi diagnosticado com microcefalia. Ela e o marido, o frentista Edson Miguel, moram em São Lourenço da Mata, na Região Metropolitana do Recife. O caso vem sendo acompanhado pelos médicos, que buscam entender por que um bebê tem a malformação e o outro, não.

Exames estão sendo feitos para identificar se, por acaso, a mãe teve zika durante a gestação. Cassiana chegou a apresentar algumas manchas vermelhas no braço, quando estava com quatro meses de gravidez, mas os médicos acreditavam que era mais um quadro de dengue – não havia a preocupação com o vírus da zika na época. “Foram só umas manchas na pele, não espalhou pelo corpo”, recorda a mãe.



Os bebês se chamam Edson e Melissa. A mãe, Cassiana, conta que fez o acompanhamento pré-natal, mas foi só depois do parto e de uma tomografia que ficou confirmado que a menina tinha, realmente, microcefalia. “No começo, eu não aceitei bem. Meu marido foi quem mais me apoiou. Ele sempre dizia que nossa filhinha era perfeita, não tinha nada”, recorda a dona de casa.

Os gêmeos foram gerados em placentas diferentes e, com isso, cada um se desenvolveu de forma independente. “O que geralmente chama a atenção é porque a gente imagina que as duas crianças estão dentro de um ambiente único, dividido apenas por algumas membranas. Por que uma apresenta complicações de uma doença e a outra não?”, questiona a neurologista Ana Van Der Linden.

A equipe médica que acompanha as crianças espera que o exame do líquido da espinha dorsal dos bebês possa ajudar a esclarecer o que houve. No exame, os pesquisadores buscam identificar anticorpos que podem ter sido produzidos pelo próprio organismo para combater a infecção pelo vírus da zika. “Aí entram de novo os estudos para a gente tentar entender o que tinha nas placentas, já que eles tinham placentas diferentes, e o que evitou que o vírus chegasse até um bebê e o que o levou a chegar até o outro”, aponta a pediatra Danielle Cruz.

Em Pernambuco, os pesquisadores já encontraram o anticorpo correlacionado ao vírus da zika em 34 bebês com microcefalia, de acordo com o último balanço divulgado pela Secretaria de Saúde do estado. Outros três casos deram negativo e um teve o resultado inconclusivo. Dos 1.546 casos notificados de microcefalia, 184 foram confirmados.

Os pais dos gêmeos esperam que o caso da família deles ajude a ciência a avançar nas pesquisas e encontrar uma forma de evitar novos casos de microcefalia. "Eu acho interessante para a medicina estudar. O nosso caso foi tão raro porque a menina nasceu com microcefalia e o menino não”, avalia o pai. “Eu sei que para as mães não vai ser fácil aceitar no começo, mas é dado por Deus, a gente deve aceitar. E se um teve outro não, eu sei que foi Deus, Deus que colocou a mão”, reforça a mãe.

Combate ao Aedes aegypti

A Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu aos países afetados pelo surto de zika que ampliem os métodos de combate ao vírus e defendeu o uso de novas técnicas para diminuir a população dos mosquitos transmissores da doença.

A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) buscam diminuir a população do mosquito Aedes aegypti através da esterilização dos machos com radiação gama, em um teste que está sendo realizado no estado. O projeto piloto está liberando mosquitos no arquipélago de Fernando de Noronha. Os resultados devem começar a ser vistos em quatro meses.

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